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Saddam Hussein

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Saddam no seu Julgamento
Saddam no seu Julgamento
Nome Saddam Hussein Abd al-Majid al-Tikriti
صدام حسين عبد المجيد التكريتي
Nacionalidade Iraquiano
Ordens
Presidente doConcelho de Comando Revolucionário do Iraque
Quinto Presidente do Iraque
Início_da_Presidencia 16 de Julho de 1979
Fim_da Presidencia
9 de Abril de 2003
Data_de_Nascimento
28 de Abril de 1937
Lugar_de_Nascimento
Tikrit, Iraque
Data_da_Morte
30 de Dezembro de 2006
Lugar_da_morte
Bagdade, Iraque
Partido
Partido Socialista Árabe Ba'ath
Esposa
Sajida Talfah
Samira Shahbandar
Nidal al-Hamdani
Profissão
Ex-Presidente Iraquiano
Religião
Muçulmano Sunita

Saddam Hussein Abd al-Majid al-Tikriti, em árabe صدام حسين (Tikrit, 28 de Abril de 1937Bagdá, 30 de Dezembro de 2006), foi um político e estadista iraquiano, e uma das principais lideranças da esquerda no mundo árabe.

Foi presidente do Iraque no período 19792003, acumulando o cargo de primeiro-ministro nos períodos 19791991 e 19942003.

Biografia

Ficheiro:Saddam-AceOfSpades.jpg
Foto de Saddam Hussein numa carta de baralho.

Saddam Hussein nasceu em 28 de abril de 1937, em Al-Awja, aldeia pertencente a Tikrit, cidade muçulmana sunita situada a 150 quilômetros de Bagdá. Nascido no mesmo lugar que o lendário Saladino e descendente de uma família de camponeses, Saddam aprendeu a primeira lição sobre a eficácia da violência ainda criança. O pai abandonou a família antes do nascimento do filho e a mãe, Subha, que trabalhava como vidente e andava sempre de preto e com os bolsos cheios de conchas do mar, casou-se de novo. O padrasto, conhecido como "Ibrahim, o mentiroso", divertia-se nas surras que dava no enteado com um pedaço de pau coberto de asfalto. O próprio Saddam não esconde que foi uma criança triste que evitava a companhia das outras pessoas. Para se proteger das provocações por não ter o pai legítimo por perto, saía de casa sempre armado com uma barra de ferro.

O tio materno Khairallah Tulfah, um militar simpatizante de Adolf Hitler que depois veio a ser governador de Bagdá, foi a figura mais importante na formação da personalidade de Saddam. Foi com ele, um fervoroso nacionalista, que Saddam, ainda adolescente, se mudou para Bagdá.

Em 1956, aos 19 anos, aderiu ao Partido Socialista Árabe Ba'ath (fundado na Síria por Michel Aflaq) e, no mesmo ano, participou de um golpe de Estado fracassado contra o rei Faisal II. Dois anos depois, participou de outro golpe, dessa vez contra Abdul Karim Qassim, carrasco do monarca e líder do novo regime golpista. Acusado de complô, foi condenado à morte à revelia em fevereiro de 1960, sentença da qual conseguir escapar fugindo vestido de mulher para o Egito e através da Síria, onde as autoridades lhe concederam asilo político.

No Cairo, concluiu seus estudos secundários e foi admitido na Escola de Direito - terminaria a faculdade anos depois, em 1968 -, onde se relacionou com jovens membros do Partido Baath egípcio, de inspiração esquerdista e pan-árabe. Em fevereiro de 1963, Saddam retornou ao Iraque, assumindo o comando da organização militar do partido.

Aspectos de família

O presidente iraquiano se casou duas vezes: em 1963, com sua prima de sangue Sajida Khairallah, filha do tio que o adotou e com quem teve dois filhos e duas filhas, Raghad e Rana - que após o desmoronamento do regime foram acolhidas pelo rei Abdullah II da Jordânia -; e em 1988, com uma mulher também de seu clã, Samira Fadel Shahbandar, que lhe deu outra filha, Hala, que atualmente vive em Beirute. Saddam teve também dois filhos varões - Uday e Qusay.

Sajida foi diversas vezes traída por Saddam, que não escondia sua preferência por loiras,[carece de fontes?] chegando a coagir os maridos e parentes de suas amantes, dando-lhes cargos e benefícios em troca de consentimento.[carece de fontes?]

Uday era conhecido pela devassidão: beberrão, mulherengo e sádico, era conhecido por espancar jogadores da Seleção Iraquiana de Futebol toda vez que esta era derrotada[carece de fontes?]; também foi acusado de estuprar diversas mulheres[carece de fontes?]. Qusay era mais discreto e trabalhador, embora tão sanguinário quanto o irmão e o pai.

Uday e Qusay, considerados os homens mais influentes do regime de Saddam, foram mortos em Mossul em 22 de julho de 2003 por disparos das forças americanas no Iraque, após serem entregues em troca de uma recompensa de US$ 15 milhões oferecida por cada um deles.

Ascensão ao poder

Embora o revolucionário Baath, o qual combinava o pan-Arabismo secular com a modernização econômica e o socialismo, tenha sido momentaneamente derrubado e Saddam, figura influente no partido, mandado para a prisão, o partido protagonizou outro golpe em 1968, e desta vez tomou o poder sem derramar uma gota de sangue. O ditador de Bagdá começara sua carreira como assassino profissional a soldo do Partido Baath e chegou à chefia da polícia secreta iraquiana serviço secreto, a terrível Mukhabarat.

Vice-Presidente

Ficheiro:SaddamHusseinBronzeskulpturen.jpg
Bustos de bronze da Saddam.

Em novembro de 1969, Saddam foi nomeado vice-presidente do Conselho do Comando Supremo da Revolução, tornando-se assim o "número dois" do regime, depois do presidente, o general Al-Bakr.

Como vice-presidente do Iraque durante o governo do idoso e frágil General Ahmed Bakr, Saddam controlou firmemente o conflito entre os ministérios governamentais e as forças armadas numa altura em que muitas organizações eram consideradas capazes de derrubar o governo, criando um aparelho de segurança repressivo. O novo regime logo se aproximou da União Soviética e em 1972 um Tratado de Amizade e Cooperação foi assinado entre os dois países. Depois, também foram selados acordos com a Alemanha Ocidental, o Japão e os Estados Unidos.

A economia do Iraque cresceu a um ritmo forte na década de 1970. Saddam destacou-se por investir pesado em saúde e em educação. Mas revelava sua personalidade truculenta e tirana até mesmo quando tentava fazer o bem. Frustrado com o progresso lento do programa de alfabetização, o então vice-presidente criou uma data no calendário nacional para incentivar as matrículas de crianças nas escolas, o Dia do Conhecimento. Temendo pelo fracasso da iniciativa, ele baixou um decreto ameaçando de prisão os pais cujos filhos ficassem de fora dos cursos. O número de matrículas acabou batendo recorde, e Saddam recebeu um prêmio da Unesco em 1977.

Presidente

Ficheiro:Saddam bill.JPG
Uma nota antiga de 5 dinares com uma efígie de Saddam Hussein.

Em 16 de julho de 1979, o presidente Al-Bakr renunciou por motivos de saúde. Saddam assumiu então os títulos de chefe de Estado, presidente do Conselho do Comando Supremo da Revolução, primeiro-ministro, comandante das Forças Armadas e secretário-geral do partido Baath. Quinze dias depois, uma conspiração surgida entre os membros do partido do recém-nomeado líder máximo do Iraque terminou com a execução de 34 pessoas, entre elas membros do Exército e alguns dos mais íntimos colaboradores de Saddam Hussein.

Saddam logo cercou-se imediatamente de uma dezena de oficiais leais, os quais colocou em cargos de responsabilidade. É então que o poder se torna verdadeiramente autocrático, com os primeiros anos de goveno do auto-intitulado El-Raïs el-Monadel (o Presidente Combatente) a serem marcados pela execução de centenas de oposicionistas e o gaseamento de 5.000 curdos em Halabja.

Alegado antepassado de Saddam

Saddam Hussein ganhou espaço nos noticiários contemporâneos quando alegou ser descendente directo dele, auto-proclamando-se reencarnação literal de Nabucodonosor II.

Saddam Presidente: as Guerras do Golfo

Tendo sido ardoroso fã de Stalin na adolescência, como presidente Saddam acabou por desenvolver um culto à personalidade característico de países comunistas. Cartazes com retratos seus espalhados por ruas e avenidas de todo o Iraque, criação de uma imagem de islamita devoto e bom pai de família (embora fosse considerado um cético do ponto de vista religioso e apreciasse bebidas alcóolicas proibidas pelo Islão), eliminação violenta de toda a oposição política, censura à imprensa) Saddam acabou por parecer, aos olhos do iraquiano comum, como o retrato da autoridade infalível, ainda que tirânica.

E como todo o tirano, Saddam Hussein sempre temia que inimigos políticos o derrubassem. Construiu 23 palácios para uso pessoal, todos permanentemente vigiados, jamais dormia duas noites seguidas no mesmo local e, cúmulo da paranóia, jamais ingeria comida que não tivesse sido testada e provada por gente de sua confiança, pois temia ser envenenado.[carece de fontes?]

A ambição de Saddam por tornar-se o líder mais poderoso do Oriente Médio o levou a declarar guerra ao Irã dos aiatolás. Nessa época, inclusive, ele chegou a receber apoio norte-americano, uma vez que os EUA temiam as conseqüências da ascensão da Revolução Islâmica na região. Usando como pretexto a disputa por poços de petróleo, as relações entre Irã e Iraque deterioraram-se rapidamente.

Primeira Guerra do Golfo: Guerra Irã-Iraque

Em 1979, o do Irã Mohammad Reza Pahlavi foi derrubado pela Revolução Islâmica, dando lugar a uma república islâmica liderada pelo Ayatollah Khomeini. A influência do Islão Xiita revolucionário cresceu deste modo de forma abrupta, particularmente em países com grandes populações xiitas, em especial o Iraque. Saddam receava que as ideias radicais islâmicas, hostis ao seu domínio secular pudessem alastrar no seu país, entre a população Xiita (a maioria da população do Iraque).

Havia também o antagonismo entre Saddam e Khomeini desde a década de 1970. Khomeini, que tinha partido para o exílio do Irão em 1964, viveu no Iraque, na cidade santa xiita de An Najaf. No Iraque, ele ganhou influência entre os xiitas iraquianos e ganhou seguidores. Sob pressão do Xá, que tinha acordado uma aproximação diplomática com o Iraque em 1975, Saddam expeliu Khomeini em 1978. Após a revolução islâmica, Khomeini poderá ter considerado o derrube de Saddam.

Após a tomada do poder de Khomeini no Irão, ocorreram pequenos incidentes de confrontação militar na fronteira, durante 10 meses, no canal de Shatt al-Arab, que ambas as nações reclamavam para si.

Iraque e Irão iniciaram a guerra aberta em 22 de Setembro de 1980. O pretexto para as hostilidades foi a disputa territorial. Saddam foi no entanto apoiado pelos Estados Unidos, pela União Soviética e por vários países árabes, todos eles desejosos de impedir a expansão de uma possível revolução moldada no Irão.

Saddam conduziu a Guerra contra o Irão entre 1980 e 1988. Contou com o apoio dos Estados Unidos, então governado por Ronald Reagan, que esperava a derrocada dos xiitas irianianos e de seu líder espiritual, o aiatolá Khomeini. Recebeu também o apoio do Kuwait, da Arábia Saudita e outras nações árabes, muitas delas igualmente preocupadas com a ameaça de uma igual revolução islâmica como a do Irão em seus territórios. No conflito, durante o qual Saddam aumentou a importação de armas do Ocidente, foram utilizados gases tóxicos no front e estreitados os laços com os regimes árabes moderados. A guerra entre os dois países durou oito anos (o cessar-fogo foi assinado em 20 de agosto de 1988) e nela morreram mais de um milhão de pessoas. Não houve vencedor declarado, e a guerra levou o país a sérias dificuldades econômicas.

Em 2 de agosto de 1990, apenas dois anos depois do fim da disputa, tropas iraquianas, seguindo ordens de Saddam Hussein, invadiram e anexaram ao território iraquiano o vizinho emirado do Kuwait, país que mais ajudou financeiramente o Iraque durante a guerra com o Irã. Mas nesse período, o Kuwait frustrava os desejos iraquianos na Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) de diminuir a produção para que o preço do barril no mercado aumentasse.

No início de 1991, uma coalizão internacional dirigida pelos Estados Unidos (então governado por George Bush) obrigou o Iraque a retirar-se do Kuwait. As tropas da coligação detiveram-se na fronteira entre o Kuwait e o Iraque.

Vencido pelos aliados ocidentais, Hussein teve que aceitar o embargo econômico imposto a seu país pela ONU, organismo que, ao mesmo tempo, fez um acordo para inspecionar e desmantelar o programa armamentístico (biológico e químico, especialmente) do país. Foi criado o programa "Oil for food" ("Petróleo por Comida").

Terminada a guerra, Saddam ainda teve que enfrentar as revoltas xiita e curda no Iraque, que não titubeou em reprimir duramente. Entre 1991 e 1992, EUA, Reino Unido e França estabeleceram, sem o respaldo de uma resolução da ONU, duas regiões de exclusão aérea - ao norte do paralelo 36 e ao sul do paralelo 32 - com o objetivo declarado de proteger a população curda e xiita.

A proibição dos aliados foi permanente fonte de conflitos desde sua entrada em vigor, terminando com a derrubada de alguns aviões dos dois lados, somados aos duros efeitos do embargo econômico que tentaram suavizar com o programa "Petróleo por Comida".

Nem a debilitada situação econômica nem o pós-guerra comprometeram o êxito de Hussein nas urnas, e, em 15 de outubro de 1995, o presidente iraquiano obtinha o apoio de 99,96% da população num plebiscito, o primeiro da história do Iraque, sobre sua continuidade no poder até 2002.

Dois meses antes, Saddam enfrentara a traição dos maridos de duas de suas filhas e íntimos colaboradores, Hussein Kamel e Saddam Kamel al-Majid, que em agosto de 1995, após se desentenderem com Udai, abandonaram o país e foram para a Jordânia levando os segredos do programa de armas proibidas do Iraque. A recusa dos países ocidentais em conceder asilo político aos dois genros de Saddam, apesar da oferta de informação militar secreta, precipitou o retorno deles, com as filhas e os netos do ditador, a Bagdá em fevereiro de 1996, com a promessa de perdão por parte de Saddam. Três dias depois da chegada, morreram numa invasão que também matou o pai dos traidores e outros parentes.

A Terceira Guerra do Golfo: Guerra do Iraque

Em 1997, começaram as desavenças do regime com a UNSCOM, comissão da ONU encarregada de supervisionar o desarmamento do Iraque - por causa da suspeita de que país buscava armamento químico e nuclear -, o que se prolongaria por seis anos e que serviria de pretexto para os Estados Unidos invadirem o Iraque.

Em janeiro de 2002, após os atentados terroristas de 11 de setembro de 2001 em Nova York e Washington e a campanha afegã contra o regime talibã, o presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, iniciou a "segunda fase contra o terrorismo internacional".

Bush acusou o Iraque de ter ou desenvolver armas de destruição em massa, contrariando as resoluções da ONU impostas após a Guerra do Golfo, e de manter vínculos com o terrorismo internacional. Saddam Hussein, que negou as acusações, acusou Bush de manipular a suposta ameaça que o Iraque representava para a paz mundial e acrescentou que a única coisa que Washington buscava no Iraque era o controle do petróleo no Oriente Médio.

Ficheiro:Saddamstatue.jpg
Estátua de Saddam sendo derrubada logo após a invasão de Bagdá.

Em 2003, George W. Bush moveu contra Saddam uma guerra para tirá-lo do poder, acusando-o de cúmplice no terrorismo anti-norte-americano. Em 20 de março, a coalizão anglo-americana iniciou a intervenção militar no Iraque com um bombardeio inicial sobre Bagdá. Saddam foi expulso do poder pelas tropas estado-unidenses e britânicas numa guerra não autorizada pelo Conselho de Segurança da ONU. Sua retirada do poder, porém, não significou a paz definitiva para o Iraque.

O paradeiro de Saddam foi desconhecido durante vários meses até que, em 4 de abril, a televisão iraquiana mostrou o ditador, cercado de aliados seus, passeando pelas ruas da cidade. Em 8 de abril, um dia antes de as forças americanas atingirem o coração de Bagdá, um bombardeiro B-1 lançou quatro bombas de perfuração de bunkers contra um edifício da capital iraquiana, onde se acreditava que Saddam Hussein estivesse reunido com outros hierarcas do regime.

Saddam logo após a sua captura.

Em 13 de dezembro de 2003, Saddam Hussein foi localizado e preso num porão de uma fazenda da cidade de Adwar, próxima a Tikrit, sua cidade natal, numa operação conjunta entre tropas estado-unidenses e rebeldes curdos. As tropas encontraram o dirigente iraquiano escondido num buraco subterrâneo camuflado com terra e tijolos, de entre 1,80 e 2,40 metros de profundidade, com um duto de ventilação. Embora estivesse armado com uma pistola e dois fuzis AK-47, rendeu-se pacificamente após uma patética negociação onde pretendia subornar seus captores com a soma de US$ 750,000 que guardava numa maleta. "Sou o presidente do Iraque e quero negociar", propôs, em inglês. Segundo a coalizão militar, foi um membro de uma família próxima a Saddam quem o delatou. Um jornal jordaniano publicou uma versão alternativa da prisão. Saddam teria sido drogado por um parente, que lhe servia de guarda-costas, e entregue dopado aos americanos. A filha Raghad, exilada na Jordânia, diz que com certeza seu pai foi drogado, de outra forma teria lutado como "um leão". Paul Bremer e Tony Blair confirmaram esta notícia.

Saddam barbeado após sua captura por forças norte-americanas.

Saddam, que não apresentou resistência alguma, estava sujo e desorientado quando foi capturado. Posteriormente, foi submetido a um exaustivo reconhecimento médico e a um teste de DNA, que confirmou sua identidade. Entre as primeiras imagens transmitidas, algumas mostravam Hussein sendo examinado por um médico militar americano, assim como outras mostravam o local de sua captura. Tais imagens causaram variadas reações pelo mundo, desde aqueles que - tais como grande parte da população americana e até iraquiana - as justificaram por motivos políticos, sociais e militares, até os que (baseando-se em interpretações do direito internacional) argumentaram que as imagens representavam uma violação intolerável à Convenção de Genebra acerca do tratamento a criminosos de guerra capturados.

Em 1º de janeiro de 2004, o Pentágono o reconheceu como "prisioneiro de guerra", e, em 30 de junho, transferiu sua custódia judicial ao novo Governo provisório iraquiano.

Durante 24 meses, Saddam permaneceu sob custódia das forças americanas, à espera de ser julgado por um Tribunal Especial iraquiano patrocinado pelos Estados Unidos, que em 19 de outubro de 2005 iniciou o processo contra o ex-ditador e o condenou à morte na forca em 5 de novembro de 2006.

O julgamento

Ver artigo principal: Julgamento de Saddam Hussein

Julgamento - Aspectos jurídicos

Saddam falando perante o Tribunal.

Apesar dos grandes genocídios por ele cometidos, os defensores de Saddam Hussein argumentam que carecia de neutralidade o julgamento que, segundo eles, deveria acontecer em um tribunal internacional, com juízes de várias nacionalidades. Os apoiadores do julgamento, contudo, defendiam que ele fosse julgado pelo próprio povo iraquiano, como de fato aconteceu.

Saddam foi formalmente acusado de genocídio cometido em 1982 (massacre numa aldeia xiita em que morreram 148 pessoas) e, no dia 5 de novembro de 2006, recebeu a sentença de morte por enforcamento. No dia 26 de dezembro de 2006, um tribunal de apelação do Iraque confirmou a sentença contra Saddam Hussein.

Execução e repercussão

A morte de Saddam, de 69 anos, foi confirmada pouco depois das 6h, horário de Bagdá (aproximadamente 1h em Brasília e 3h em Lisboa) por um integrante de sua equipe de Defesa. Minutos depois, também por um integrante do Ministério das Relações Exteriores do Iraque. Autoridades iraquianas gravaram um vídeo da execução como prova da morte do ex-ditador.

O ex-ditador iraquiano Saddam Hussein foi condenado pelo assassinato de 148 xiitas em 1982, quando governava o país com mão-de-ferro. Testemunhas oficiais da execução afirmam que foi uma morte rápida e imediata.

Saddam Hussein morre dramáticamente após uma trajetória política que inclui atividades revolucionárias, três temporadas na prisão, duas derrotas militares para os EUA(ironicamente,seu antigo aliado) e uma guerra de 8 anos contra o vizinho Irã, além de acusações de assassinatos e violação de direitos humanos cometidos nos 24 anos nos quais governou o país.

Analistas e autoridades internacionais questionaram a legitimidade e os métodos do julgamento de Saddam. No Brasil, o Itamaraty criticou a pena de morte imposta.

A morte de Saddam despertou reações em líderes de todo o mundo. Enquanto alguns comemoram a morte, outros condenam sua execução em meio a protestos contra a pena de morte.


Estados Unidos

O presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, afirmou que "fazer justiça para Saddam Hussein não porá um fim à violência no Iraque, mas é um importante marco no processo do Iraque em se tornar uma democracia que pode governar, sustentar, e defender a si própria".


Reino Unido

A secretária de Relações Exteriores do Reino Unido disse que "é bem-vindo o fato de que Saddam Hussein foi julgado por uma corte iraquiana por ao menos alguns dos terríveis crimes que cometeu contra o povo do Iraque. Agora, ele foi responsabilizado por seus atos".


União Européia

O ministro das Relações Exteriores da Finlândia, Erkki Tuomioja, que atualmente é o presidente da União Européia, condenou a pena de morte: "A União Européia tem uma posição muito consistente de oposição à pena de morte, a qual não deveria ter sido aplicada nesse caso --embora não haja dúvida sobre a culpa de Saddam Hussein em diversas violações sérias dos direitos humanos".


Líbia

A Líbia decretou luto oficial por três dias, colocando bandeiras a meio mastro e cancelando as comemorações do Eid al-Adha, um dos dois mais importantes feriados para o islamismo.


França

O Ministério das Relações Exteriores da França divulgou um comunicado reafirmando defender a abolição universal da pena de morte. "Saddam Hussein foi executado. Essa decisão pertence ao povo iraquiano e à autoridade soberana do Iraque. A França pede a todos os iraquianos que mirem o futuro e trabalhem pela reconciliação e unidade nacionais. Mais do que nunca, o objetivo deve ser a volta da total soberania e estabilidade do Iraque."


Rússia

Para o Ministério das Relações Exteriores da Rússia, "infelizmente, repetidas solicitações de representantes de vários países e organizações internacionais para que as autoridades iraquianas não apliquem a pena de morte não foram ouvidas".

"As conseqüências políticas desse passo deveriam ter sido levadas em conta", disse o porta-voz do ministério, Mikhail Kamynin. "O país está mergulhado na violência e está no topo da escala de conflito civil. A execução de Saddam Hussein pode levar a um agravamento da atmosfera política-militar e a um aumento da tensão ética e religiosa."


Alemanha

O governo alemão disse que tratar dos crimes cometidos sob o regime anterior é "uma contribuição importante para a reconciliação e o diálogo nacional no Iraque", mas ressaltou ser contra a pena de morte.


Austrália

Alexander Downer, ministro do Exterior da Austrália, afirmou que "o povo do Iraque agora sabe que seu brutal ditador nunca mais retornará para liderá-los".

O primeiro-ministro John Howard comentou que a execução era significativa porque os iraquianos deram ao ditador um julgamento justo. "Acredito que há algo de heróico em um país que que está atravessando a dor e o sofrimento que o Iraque está sofrendo, dando ainda o devido julgamento a alguém que foi um tirano e um brutal opressor e assassino do seu povo", disse. "Esse é um marco para um país que está tentando abraçar a democracia apesar de tudo."


Vaticano

O porta-voz do Vaticano, Frederico Lombardi, disse que "a pena de morte é sempre uma notícia trágica, uma razão para tristeza, mesmo quando é relacionada a uma pessoa que é culpada de crimes graves".


Taleban

O ex-ministro da defesa do Afeganistão e um dos líderes do Taleban, mulá Obaidullah Akhund, afirmou que "Bush e Blair lançaram uma cruzada contra os muçulmanos". "Saddam foi enforcado porque era um muçulmano, enquanto escravos como Jalal Talabani, [o presidente] do Iraque, e Hamid Karzai, do Afeganistão, receberam o poder", afirmou.


Afeganistão

O presidente do Afeganistão, Hamid Karzai, afirmou que o "Eid [o feriado sagrado muçulmano que começa hoje] é um dia de felicidade, um dia de Deus, um dia de reconciliação, não um dia de vingança".


Índia

O governo indiano também se mostrou preocupado com a possibilidade de a execução de Saddam provocar mais violência sectária. "Esperamos que esse infeliz evento não afete o processo de reconciliação, restauração da paz e normalidade no Iraque", disse o ministro de Relações Internacionais do país, Pranab Mukherjee, em comunicado.


África do Sul

"A África do Sul continua convencida de que sua execução não é a solução para os atuais problemas políticos do Iraque mas pode alimentar a violência em uma situação já volátil", afirmou o porta-voz da diplomacia Ronnie Mamoepa, que pediu, ainda, a intervenção da ONU (Organização das Nações Unidas) no país.


Paquistão

Em um comunicado, o Ministério das Relações Exteriores do Paquistão disse: "A execução, que só pode ser descrita como um fato triste, é outra aguda lembrança da violência que continua a atingir o Iraque. Esperamos que esse evento não cause exacerbação da situação da segurança".


Indonésia

O governo da maior nação muçulmana do mundo, a Indonésia, afirmou esperar que a execução de Saddam "não separe ainda mais as partes em conflito, no esforço de uma reconciliação nacional, o que é uma condição para o Iraque recuperar sua soberania".


Japão

O Japão disse "respeitar" a execução.

Malásia

A Malásia, que atualmente lidera a Organização da Conferência Islâmica, advertiu sobre o risco de uma escalada da violência no Iraque.


Irã

O governo iraniano comemorou a execução de Saddam, afirmando que se trata de uma "vitória dos iraquianos".


Hamas

A execução de Saddam Hussein é um "assassinato político" e "viola todas as leis internacionais", disse o porta-voz do movimento radical palestino Hamas.


Kuait

O país, invadido pelo exército de Saddam Hussein em 1990, afirmou que sua execução é um "assunto iraquiano" após a "sua condenação por haver perpetrado crimes contra a humanidade", segundo o ministro do Trabalho e de Assuntos Sociais, Sabah al Jaled al Sabah, disse em comunicado oficial.


Anistia Internacional

O diretor-executivo da ONG de direitos humanos Anistia Internacional, Larry Cox, em protesto contra o momento da execução, disse que a "apressada execução de Saddam Hussein é simplesmente errada". "Significa que a justiça foi negada para inúmeras vítimas que enfrentaram sofrimento inenarrável durante seu regime, e agora terão negados seus direitos de ver a justiça ser feita", afirmou.


Especialista em terrorismo

Para o cientista político especialista em terrorismo Seth Jones, a morte de Saddam não muda muita coisa no Iraque. "Isso significa muito pouco a longo prazo para o nível de violência no país. Acho que a execução vai gerar algumas matanças em vingança, mas a insurgência é causada por tantos fatores que não acho que esse terá nenhum impacto significativo a longo prazo."

Literatura

[carece de fontes?]

Saddam Hussein dedicou-se também à literatura, o primeiro romance, Zabibah e o Rei de 2001, foi um sucesso de vendas e foi igualmente transposto para um musical no Iraque. Mais tarde edita A Fortaleza Inexpugnável.

Em 2003 foi publicada a biografia política de Saddam Hussein entitulada Saddam Hussein: A Political Biography escrito por Efraim Karsh e Inari Rautsi.

Referências


Ver também

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