Saltar para o conteúdo

Víbora-cornuda

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Como ler uma infocaixa de taxonomiaVíbora-cornuda
Víbora-cornuda no zoológico de Saint Louis.
Víbora-cornuda no zoológico de Saint Louis.
Estado de conservação
Espécie vulnerável
Vulnerável (IUCN 3.1) [1]
Classificação científica
Reino: Animalia
Filo: Chordata
Classe: Reptilia
Ordem: Squamata
Família: Viperidae
Género: Vipera
Espécie: V. latastei
Nome binomial
Vipera latastei
Boscà, 1878
Distribuição geográfica
Distribuição de Vipera latasti.
Distribuição de Vipera latasti.
Sinónimos
  • Vipera latasti [sic] Boscá, 1878
  • Vipera latastei Boscá, 1879
  • Vipera berus aspis var. latastei
    Camerano, 1889 (nomen illegitimum)
  • Vipera latastii [sic] Boulenger, 1896
  • Vipera latasti [sic] Mertens, 1925
  • Latastea latastei A.F. Reuss, 1929
  • Rhinaspis latastei nigricaudata
    A.F. Reuss, 1933
  • V[ipera]. ammodytes latastei
    Schwarz, 1935
  • Vipera latastei latastei
    Saint-Girons, 1953
  • Vipera (Rhinaspis) latastei latastei
    Obst, 1983[2]

A víbora-cornuda (Vipera latastei) é uma espécie de víbora venenosa endémica da Península Ibérica e do noroeste da África.[2] São actualmente reconhecidas duas sub-espécies incluindo a sub-espécie nominal aqui descrita.[3]

O epíteto específico, latastei, honra um colega francês de Boscà', o herpetólogo Fernand Lataste,[4] quem um ano mais tarde lhe retribuíria a honra dando o nome de Boscà a uma sua descoberta, o tritão-ibérico (Lissotriton boscai ).

V. latastei atinge um comprimento total (corpo + cauda) máximo de aproximadamente 72 cm, mas é, em regra, menor.[5] snub-nosed adder.[6] A sua cor é cinzento-azulado, cabeça triangular, e um "corno" na ponta do nariz, possuindo no dorso uma mancha mais escura, em zig-zag, ao longo de todo o corpo.[7] A ponta da cauda é amarela.

Comportamento

[editar | editar código-fonte]

Pode ser observada tanto de dia como de noite, mas de um modo geral esconde-se debaixo de pedras. A ponta da cauda amarela é possivelmente usada para atrair as presas.[8] É um animal difícil de encontrar, a não ser por mero acaso, pelo que, quando isso acontece, o registo visual é muito próximo, o que torna a situação pouco agradável.

Distribuição geográfica

[editar | editar código-fonte]

Pode ser encontrada na Península Ibérica (Portugal e Espanha) no noroeste da África (a zona mediterrânica de Marrocos, Argélia e Tunísia).

A localidade-tipo indicada é "Ciudad Real", emendada para "Valencia, Spanien" (Valência, Espanha) por Mertens e L. Müller (1928).[2]

Esta espécie é encontrada geralmente em áreas rochosas húmidas, em matagais e bosques secos, sebes e por vezes em dunas costeiras.[9]

As fêmeas dão à luz de 2 a 13 crias, em média, uma vez cada três anos.[9]

Estado de conservação

[editar | editar código-fonte]

Esta espécie foi classificada como Quase Ameaçada (NT) segundo a Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas da IUCN (v3.1, 2001), desde 2008 é classificada como Vulnerável (VU).[9] É assim considerada porque provavelmente encontra-se em declínio significativo (mas provavelmente a uma taxa menor que 30% em 10 anos) devido a perda generalizada de habitat e perseguição em grande parte da região que habita, o que torna esta espécie muito próxima de qualificar como Vulnerável. Espera-se que a população continue a diminuir, mas esta diminuição não deverá exceder os 30% nos próximos 10 anos, mas são possíveis extinções locais em partes da sua zona de distribuição (p.e., Tunísia). Ano de avaliação: 2005.[10]

Encontra-se também incluída na lista de espécies estritamente protegidas (Apêndice II) da Convenção de Berna.[11]

Sub-espécies

[editar | editar código-fonte]
Sub-espécie[3] Autor[3] Distribuição
V. l. gaditana Saint-Girons, 1977 Sul de Espanha e Portugal, Marrocos, Argélia, Tunísia.[2][5]
V. l. latastei Boscá, 1878 Maior parte da Península Ibérica.[5]

Esta espécie, que em Portugal pode ser encontrada em várias zonas, habita de preferência nas serranias. Consta da área do Parque Natural de Montesinho, Serra de Montemuro e Serra da Estrela, Serra do Espinhal (Penela), com lugar de destaque entre os répteis que aqui se podem encontrar. No Nordeste Trasmontano está presente também na toponímia, com a aldeia de Campo de Víboras.

O seu veneno é proteolítico, podendo ser perigoso, sobretudo para crianças e idosos.

  1. Jose Antonio Mateo Miras, Marc Cheylan, M. Saïd Nouira, Ulrich Joger, Paulo Sá-Sousa, Valentin Pérez-Mellado, Iñigo Martínez-Solano (2009). Vipera Latastei (em inglês). IUCN {{{anoIUCN1}}}. Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas da IUCN. {{{anoIUCN1}}}. Página visitada em 13 de outubro de 2017..
  2. a b c d McDiarmid RW, Campbell JA, Touré T. 1999. Snake Species of the World: A Taxonomic and Geographic Reference, Volume 1. Washington, District of Columbia: Herpetologists' League. 511 pp. ISBN 1-893777-00-6 (series). ISBN 1-893777-01-4 (volume).
  3. a b c «Vipera latastei» (em inglês). ITIS (www.itis.gov) 
  4. Beolens, Bo; Michael Watkins; Michael Grayson. 2011. The Eponym Dictionary of Reptiles. Baltimore: Johns Hopkins University Press. xiii + 312 pp. ISBN 978-1-4214-0135-5. ("Vipera latasti" [sic], p. 151).
  5. a b c Mallow D, Ludwig D, Nilson G. 2003. True Vipers: Natural History and Toxinology of Old World Vipers. Malabar, Florida: Krieger Publishing Company. 359 pp. ISBN 0-89464-877-2.
  6. U.S. Navy. 1991. Poisonous Snakes of the World. US Govt. New York: Dover Publications Inc. 203 pp. ISBN 0-486-26629-X.
  7. «Dangerous Snakes in Spain» 
  8. «Lataste's Viper, St. Louis Zoo». Consultado em 13 de outubro de 2017. Arquivado do original em 22 de julho de 2011 
  9. a b c «Vipera latastei (IUCN Red List)» 
  10. «2001 IUCN Red List Categories and Criteria version 3.1». IUCN Red List. Consultado em 13 de setembro de 2007 
  11. Convention on the Conservation of European Wildlife and Natural Habitats, Appendix II at Council of Europe. Accessed 9 October 2006.