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{{Sociologia}}
'''Movimento social''' é uma "expressão técnica" que designarepresenta a ação do Thiagocoletiva de setores da sociedade ou organizações sociais para defesa ou promoção, no âmbito das [[classes sociais|relações de classes]], de certos objetivos ou interesses -, tanto de transformação comoquanto de preservação da Sonaordem noestabelecida TFTna [[sociedade]].
 
== Generalidades ==
A categoria é ampla e pode congregar, dependendo dos critérios de análise empregados, desde a ação de grupos sociais voltados à promoção de interesses morais, éticos e legais ([[e.g.]] entidades voltadas para a defesa de [[direitos humanos]]) até as ações mais radicais que visam transformações drásticas da ordem, incluindo: sistemas normativos, políticos e econômicos vigentes, sob a égide dos mais variados suportes ideológicos e em diferentes contextos históricos e sociais.
 
Segundo Raphael[[Alain JardineiroTouraine]], "movimentos sociais são a ação conflitante de agentes das [[classes sociais]], lutando pelo controle do sistema de ação histórica". Para o autor, em cada sociedade existe um movimento social que encarna não uma simples mobilização mas um projeto de mudança social. Nenhum movimento social se define somente pelo conflito mas pela sua aspiração a controlar o movimento da história. Segundo o autor, a definição do movimento social se dá através de três princípios: <ref>TOURAINE, Alain. ''La production de la société'', 1973 ''apud'' [https://www.academia.edu/741088/La_sociologie_dAlain_Touraine "Sociologie de l'action et enjeux sociétaux chez Alain Touraine", por Geoffrey Pleyers. In ''Épistémologie de la sociologie''.</ref>
 
# Princípio de identidade: corresponde à autodefinição do ator social e a sua consciência de pertencer a um grupo ou classe social. Um movimento social só pode se organizar se essa definição for consciente, entretanto a formação do movimento precede essa consciência. É o conflito que constitui e organiza o ator. ;
# Princípio de oposição: um movimento só se organiza se puder nomear seu adversário, mas a sua ação não pressupõe essa identificação. O conflito faz surgir o adversário, forma a consciência dos atores;
# Princípio de totalidade: os atores em conflito, mesmo quando este seja circunscrito ou localizado, questionam a orientação geral do sistema. Um movimento social não é inteligível senão na luta tendo em vista o "controle da historicidade", isto é, dos modelos de conduta a partir dos quais uma sociedade produz suas práticas.
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Clarence Elmer Ranwater, por sua vez, define os movimentos sociais como "uma série de eventos envolvendo ajustes a uma situação social; conectados por uma relação de causa e efeito; possuindo uma extensão no tempo e espaço, e revelando estágios, transições, tendências que são correlacionadas com um conceito mutante de sua função e indicativas de sua evolução".<ref>{{citar livro|sobrenome=Rainwater|nome=Clarence Elmer|título=The Play Group in the United States|ano=1922|editora=The University of Chicago Press|local=Chicago|páginas=4}}</ref>
 
Nildo Viana apresenta uma outra concepção de movimentos sociais, destacando que são movimentos de grupos sociais, distintos de movimentos de classes sociais e outros fenômenos (partidos, manifestações, protestos). Segundo ele, os movimentos sociais são movimentos de grupos sociais quando integrantes destes entram em fusão, a partir de determinada situação social que gera insatisfação social, promovendo também um processo de criação de senso de pertencimento, objetivos e mobilização.<ref>{{citar livro|título=Os Movimentos Sociais|ultimo=Viana|primeiro=Nildo|editora=Prismas|ano=2016|local=Curitiba|páginas=180|acessodata=01/06/2017}}</ref>.
 
== Níveis de organização ==
Segundo Scherer-Warren,<ref>Ilse SCHERER-WARREN, [http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0102-69922006000100007&script=sci_arttext&tlng=pt Das Mobilizações às Redes de Movimentos Sociais, Sociedade e Estado], Brasília, v. 21, n.1, p. 109-130, jan./abr. 2006/2007.</ref> a [[sociedade civil]] é a representação de vários níveis de como os interesses e os valores da [[cidadania]] se organizam em cada sociedade para encaminhamento de suas ações em prol de políticas sociais e públicas, protestos sociais, manifestações simbólicas e pressões políticas. Num primeiro nível, encontramos o [[associativismo]] local (associações civis, os movimentos comunitários) e sujeitos sociais envolvidos com causas sociais ou culturais do cotidiano, ou voltados a essas bases, como são algumas organizações não governamentais ([[ONGs]]), o [[terceiro setor]]. Para citar apenas alguns exemplos dessas organizações localizadas: núcleos dos movimentos de [[sem-terra]], [[sem-teto]], empreendimentos solidários, associações de bairro, etc. As organizações locais também vêm buscando se organizar nacionalmente e, na medida do possível, participar de redes transnacionais de movimentos ([[Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra]], [http://www.mncr.org.br Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis], [[Movimento Indígena]], [[Movimento Negro]], etc.), ou através de articulações inter-organizacionais.
 
Observa-se que as mobilizações na [[esfera pública]] são fruto da articulação de atores dos movimentos sociais localizados, das ONGs, dos fóruns e redes de redes, mas buscam transcendê-los por meio de grandes manifestações na praça pública, incluindo a participação de simpatizantes, com a finalidade de produzir visibilidade através da [[mídia]] e efeitos simbólicos para os próprios manifestantes (no sentido político-pedagógico) e para a sociedade em geral, como uma forma de pressão política das mais expressivas no [[espaço público]] contemporâneo.
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Em outras palavras, o movimento social, em sentido mais amplo, se constitui em torno de uma [[identidade]] ou identificação, da definição de adversários ou opositores e de um projeto ou programa, num contínuo processo em construção e resulta das múltiplas articulações acima mencionadas. A ideia de rede de movimento social é, portanto, um conceito de referência que busca apreender o porvir ou o rumo das ações de movimento, transcendendo as experiências empíricas, concretas, datadas, localizadas dos sujeitos/atores coletivos.
 
Do ponto de vista organizacional, inclui várias redes de redes, como, por exemplo, desde a [[Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas]] ([[CONAQ]]), criada em 1996, até as organizações das comunidades locais “[[mocambos]]”, “[[quilombos]]”, “comunidades negras rurais” e “terras de preto”, que são várias expressões de uma mesma herança cultural e social, e ONGs e associações que se identificam com a causa. Do ponto de vista da ação movimentalista, apresenta as várias dimensões definidoras de um movimento social (identidade, [[adversário]] e [[projeto]]): unem-se pela força de uma [[identidade étnica]] ([[negra]]) e de [[classe]] (camponeses pobres) – a identidade; para combater o legado colonialista, o [[racismo]] e a expropriação – o adversário; na luta pela manutenção de um território que vive sob constante ameaça de invasão, ou seja, pelo direito à terra comunitária herdada – o projeto. Nesse momento, unem-se também ao Movimento Nacional pela [[Reforma Agrária]] na luta pela terra, mas mantendo sua especificidade, isto é, pela legalização da posse das terras coletivas.
 
No município de [[São Paulo (estado)|São Paulo]], em 1° de dezembro de 2011, foi sancionada a lei 15.496<ref>[http://camaramunicipalsp.qaplaweb.com.br/cgi-bin/wxis.bin/iah/scripts/?IsisScript=iah.xis&lang=pt&format=detalhado.pft&base=proje&form=A&nextAction=search&indexSearch=^nTw^lTodos%20os%20campos&exprSearch=P=PL1592011 Lei 15.496 de 01/12/2011]{{Ligação inativa|1={{subst:DATA}} }}</ref> de autoria do [[político]] Chico Macena, criando o Dia de Luta contra a Criminalização dos Movimentos Sociais, a ser comemorado todos os anos em 5 de abril - data que diversos movimentos sociais escolheram, sob as bandeiras da igualdade social, direito a moradia, contra a homofobia, pelos direitos das mulheres, pelos direitos das crianças, adolescentes e idosos, porque nesse dia um líder dos movimentos sociais, Luiz Gonzaga da Silva, o Gegê, do Movimento de Moradia do Centro (MMC) de [[cidade de São Paulo|São Paulo]] foi absolvido por unanimidade, em [[júri popular]], da acusação de coautoria de um homicídio ocorrido em 18 de agosto de 2002, durante uma ocupação do MMC. <ref>{{Citar web |url=http://camaramunicipalsp.qaplaweb.com.br/iah/fulltext/justificativa/JPL0159-2011.pdf |titulo=Movimentos Sociais ganham data simbólica |acessodata=2012-02-14 |arquivourl=https://web.archive.org/web/20140201173658/http://camaramunicipalsp.qaplaweb.com.br/iah/fulltext/justificativa/JPL0159-2011.pdf |arquivodata=2014-02-01 |urlmorta=yes }}</ref><ref>[http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidian/ff0704201130.htm Júri absolve Gegê, líder do movimento dos sem-teto]. ''[[Folha de S. Paulo]]'', 7 de abril de 2011.</ref>O processo foi considerado por muitos como um caso de tentativa de criminalização dos movimentos sociais. Horas antes do júri anunciar sua decisão, o promotor Roberto Tardelli, responsável pela acusação, já havia atestado a inocência do militante. <ref>[http://www.carosamigos.com.br/index.php/cotidiano/1174-militante-do-movimento-de-moradia-gege-e-absolvido-por-juri-popular-em-sp Militante do movimento de moradia Gêge é absolvido por juri popular].
Por Paula Salati. ''[[Caros Amigos]]'', 5 de abril de 2011.</ref><ref>[http://outraspalavras.net/posts/caso-gege-quais-maos-orquestraram-o-julgamento/ Caso Gegê: quais mãos orquestraram o julgamento?]. Por Renata Bassi. ''[[Outras Palavras]]'', 18 de abril de 2011.</ref>
 
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Nas parcerias entre sociedade civil, Estado e mercado há múltiplas formas de atuação, mas em termos de participação para a elaboração de políticas públicas, merecem destaque os conselhos e conferências. Nos conselhos setoriais (popular e/ou paritário) é onde há, pelo menos teoricamente, um espaço institucional para o encaminhamento de propostas da sociedade civil para uma nova governança junto à esfera estatal.
 
A sociedade civil organizada do novo milênio tende a ser uma sociedade de redes organizacionais, de redes inter-organizacionais e de redes de movimentos e de formação de parcerias entre as esferas públicas privadas e estatais, criando novos espaços de gestão com o crescimento da participação cidadã. Essa é a nova utopia do ativismo: mudanças com engajamento com as causas sociais dos excluídos e discriminados e com a defesa da democracia, comprometida com a equidade entre os diferentes nagrupos diversidadesociais, inclusiveétnicos oe peixeculturais.
 
== Aspectos psicossociais da mobilização social ==
Segundo a psicóloga social [[Jaqueline Jesus|Jaqueline Gomes de Jesus]], as mobilizações sociais, expressas na forma de marchas, paradas ou ocupações, podem ser entendidas como ritos, formas de comunicação simbólica que se utilizam de metáforas para romperem temporariamente com a rotina e reconstruírem identidades e papéis sociais, sendo, desse modo, fundamentadas em aspectos psicossociais, e não ''apenas'' políticos: "as pessoas se organizam em grupos e protestam em nome de uma causa comum, muitas vezes sacrificando seu conforto pessoal, por várias razões, que podem estar fundamentadas em diferentes fatores, entre eles: ''sentimento de injustiça'', ''eficácia de grupo'', ''identidade social'' e ''afetividade''. "(Jesus, 2012, p. 169)<ref>[http://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/psi-sabersocial/article/view/4897/3620 Psicologia social e movimentos sociais: uma revisão contextualizada]</ref>
 
; Sentimento de injustiça
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* [[ONG]]
* [[Think tank]]
* [[Direito Achado na Rua]]
* [[Sujeito coletivo de direito]]
 
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