Movimento social: diferenças entre revisões
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{{Sociologia}}
'''Movimento social'''
== Generalidades ==
A categoria é ampla e pode congregar, dependendo dos critérios de análise empregados, desde a ação de grupos sociais voltados à promoção de interesses morais, éticos e legais ([[e.g.]] entidades voltadas para a defesa de [[direitos humanos]]) até as ações mais radicais que visam transformações drásticas da ordem, incluindo: sistemas normativos, políticos e econômicos vigentes, sob a égide dos mais variados suportes ideológicos e em diferentes contextos históricos e sociais.
Segundo [[Alain Touraine]],
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Uma vez que esses três princípios estejam reunidos, pode-se falar de "consciência coletiva". Segundo Touraine, o movimento social é fundamentalmente uma instância relativamente autônoma na qual ocorre a explosão do conflito em torno da ação histórica e de [[visão de mundo|visões de mundo]] opostas. No entanto, progressivamente, Touraine vai abandonar essa tese. Atualmente, ele considera que não há hoje nenhum movimento que corresponda a essa definição de movimento social.
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Clarence Elmer Ranwater, por sua vez, define os movimentos sociais como "uma série de eventos envolvendo ajustes a uma situação social; conectados por uma relação de causa e efeito; possuindo uma extensão no tempo e espaço, e revelando estágios, transições, tendências que são correlacionadas com um conceito mutante de sua função e indicativas de sua evolução".<ref>{{citar livro|sobrenome=Rainwater|nome=Clarence Elmer|título=The Play Group in the United States|ano=1922|editora=The University of Chicago Press|local=Chicago|páginas=4}}</ref>
Nildo Viana apresenta uma outra concepção de movimentos sociais, destacando que são movimentos de grupos sociais, distintos de movimentos de classes sociais e outros fenômenos (partidos, manifestações, protestos). Segundo ele, os movimentos sociais são movimentos de grupos sociais quando integrantes destes entram em fusão, a partir de determinada situação social que gera insatisfação social, promovendo também um processo de criação de senso de pertencimento, objetivos e mobilização.<ref>{{citar livro|título=Os Movimentos Sociais|ultimo=Viana|primeiro=Nildo|editora=Prismas|ano=2016|local=Curitiba|páginas=180|acessodata=01/06/2017}}</ref>
== Níveis de organização ==
Segundo Scherer-Warren,<ref>Ilse SCHERER-WARREN, [http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0102-69922006000100007&script=sci_arttext&tlng=pt Das Mobilizações às Redes de Movimentos Sociais, Sociedade e Estado], Brasília, v. 21, n.1, p. 109-130, jan./abr. 2006/2007.</ref> a [[sociedade civil]] é a representação de vários níveis de como os interesses e os valores da [[cidadania]] se organizam em cada sociedade para encaminhamento de suas ações em prol de políticas sociais e públicas, protestos sociais, manifestações simbólicas e pressões políticas. Num primeiro nível, encontramos o [[associativismo]] local (associações civis, os movimentos comunitários) e sujeitos sociais envolvidos com causas sociais ou culturais do cotidiano, ou voltados a essas bases, como são algumas organizações não governamentais ([[ONGs]]), o [[terceiro setor]]. Para citar apenas alguns exemplos dessas organizações localizadas: núcleos dos movimentos de [[sem-terra]], [[sem-teto]], empreendimentos solidários, associações de bairro, etc. As organizações locais também vêm buscando se organizar nacionalmente e, na medida do possível, participar de redes transnacionais de movimentos ([[Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra]], [http://www.mncr.org.br Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis], [[Movimento Indígena]], [[Movimento Negro]]
Observa-se que as mobilizações na [[esfera pública]] são fruto da articulação de atores dos movimentos sociais localizados, das ONGs, dos fóruns e redes de redes, mas buscam transcendê-los por meio de grandes manifestações na praça pública, incluindo a participação de simpatizantes, com a finalidade de produzir visibilidade através da [[mídia]] e efeitos simbólicos para os próprios manifestantes (no sentido político-pedagógico) e para a sociedade em geral, como uma forma de pressão política das mais expressivas no [[espaço público]] contemporâneo.
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[[Imagem:Protests Madrid 2004 2.jpg|thumb|200px|Passeatas e/ou [[Manifestação|manifestações públicas]].]]
A [[Parada do Orgulho Gay]] tem aumentado expressivamente a cada ano, desde seu início em [[1995]] no [[Rio de Janeiro (estado)|Rio de Janeiro]], fortalecendo-se através de redes nacionais, como a
Em outras palavras, o movimento social, em sentido mais amplo, se constitui em torno de uma [[identidade]] ou identificação, da definição de adversários ou opositores e de um projeto ou programa, num contínuo processo em construção e resulta das múltiplas articulações acima mencionadas. A ideia de rede de movimento social é, portanto, um conceito de referência que busca apreender o porvir ou o rumo das ações de movimento, transcendendo as experiências empíricas, concretas, datadas, localizadas dos sujeitos/atores coletivos.
Do ponto de vista organizacional, inclui várias redes de redes, como, por exemplo, desde a [[Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas]] (
No município de [[São Paulo (estado)|São Paulo]], em 1° de dezembro de 2011, foi sancionada a lei 15.496<ref>[http://camaramunicipalsp.qaplaweb.com.br/cgi-bin/wxis.bin/iah/scripts/?IsisScript=iah.xis&lang=pt&format=detalhado.pft&base=proje&form=A&nextAction=search&indexSearch=^nTw^lTodos%20os%20campos&exprSearch=P=PL1592011 Lei 15.496 de 01/12/2011]{{Ligação inativa|1={{subst:DATA}} }}</ref> de autoria do [[político]] Chico Macena, criando o Dia de Luta contra a Criminalização dos Movimentos Sociais, a ser comemorado todos os anos em 5 de abril - data que diversos movimentos sociais escolheram, sob as bandeiras da igualdade social, direito a moradia, contra a homofobia, pelos direitos das mulheres, pelos direitos das crianças, adolescentes e idosos, porque nesse dia um líder dos movimentos sociais, Luiz Gonzaga da Silva, o Gegê, do Movimento de Moradia do Centro (MMC) de [[cidade de São Paulo|São Paulo]] foi absolvido por unanimidade, em [[júri popular]], da acusação de coautoria de um homicídio ocorrido em 18 de agosto de 2002, durante uma ocupação do MMC.
Por Paula Salati. ''[[Caros Amigos]]'', 5 de abril de 2011.</ref><ref>[http://outraspalavras.net/posts/caso-gege-quais-maos-orquestraram-o-julgamento/ Caso Gegê: quais mãos orquestraram o julgamento?]. Por Renata Bassi. ''[[Outras Palavras]]'', 18 de abril de 2011.</ref>
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Nas parcerias entre sociedade civil, Estado e mercado há múltiplas formas de atuação, mas em termos de participação para a elaboração de políticas públicas, merecem destaque os conselhos e conferências. Nos conselhos setoriais (popular e/ou paritário) é onde há, pelo menos teoricamente, um espaço institucional para o encaminhamento de propostas da sociedade civil para uma nova governança junto à esfera estatal.
A sociedade civil organizada do novo milênio tende a ser uma sociedade de redes organizacionais, de redes inter-organizacionais e de redes de movimentos e de formação de parcerias entre as esferas públicas privadas e estatais, criando novos espaços de gestão com o crescimento da participação cidadã. Essa é a nova utopia do ativismo: mudanças com engajamento com as causas sociais dos excluídos e discriminados e com a defesa da democracia, comprometida com a equidade entre os diferentes
== Aspectos psicossociais da mobilização social ==
Segundo a psicóloga social [[Jaqueline Jesus|Jaqueline Gomes de Jesus]], as mobilizações sociais, expressas na forma de marchas, paradas ou ocupações, podem ser entendidas como ritos, formas de comunicação simbólica que se utilizam de metáforas para romperem temporariamente com a rotina e reconstruírem identidades e papéis sociais, sendo, desse modo, fundamentadas em aspectos psicossociais, e não ''apenas'' políticos: "as pessoas se organizam em grupos e protestam em nome de uma causa comum, muitas vezes sacrificando seu conforto pessoal, por várias razões, que podem estar fundamentadas em diferentes fatores, entre eles: ''sentimento de injustiça'', ''eficácia de grupo'', ''identidade social'' e ''afetividade''. "(Jesus, 2012, p. 169)<ref>[http://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/psi-sabersocial/article/view/4897/3620 Psicologia social e movimentos sociais: uma revisão contextualizada]</ref>
; Sentimento de injustiça
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== Ver também ==
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* [[Antimovimento social]]
* [[Abolicionismo]]
* [[As Coletividades Anormais]]
Linha 93 ⟶ 94:
* [[Etnicidade]]
* [[Moda]]
* [[Movimento
* [[Multitude|Multidões]]
* [[Neoxamanismo]]
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* [[ONG]]
* [[Think tank]]
* [[Direito Achado na Rua]]
* [[Sujeito coletivo de direito]]
{{div col fim}}
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*SCHERER-WARREN, Ilse. [http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0102-69922006000100007&script=sci_arttext&tlng=pt Das Mobilizações às Redes de Movimentos Sociais], ''Sociedade e Estado''. Brasília, v. 21, n°1, p. 109-130, jan./abr. 2006/2007.
{{Portal3|Política|Sociedade|História}}
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