Planície de inundação

região de um rio que fica inundada nas cheias
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Planície de inundação, várzea ou vargem e igapó é o terreno situado à margem de um curso d'água que inundam durante as cheias.[1] Tais áreas se desenvolvem sobre a calha de um vale preenchido por solo aluvionar, sobre o qual os meandros serpenteiam devido à baixa declividade do curso do rio, o qual, em épocas de cheia, extravasa sua margem original e inunda a região adjacente.[2]

Vista aérea da várzea do rio Amazonas

As planícies de inundação ocorrem normalmente no baixo curso dos rios, onde o relevo — mais desbastado pela erosão do que a montante — apresenta pequeno gradiente topográfico; em consequência, a energia da corrente fluvial é diminuída e não consegue carregar muito da carga sedimentar do rio, que é depositada, colmatando o vale.[1]

Na Amazônia, as planícies de inundação ao longo dos grandes rios também são chamadas de áreas alagáveis. Anualmente são recobertas por água quando a subida nos níveis dos rios, influenciado pelo acúmulo das chuvas em toda a área da bacia.  Sendo assim, elas apresentam características tanto de ecossistemas terrestres (na fase de águas baixas, ou fase terrestre) como de ecossistemas aquáticos (na fase de águas altas, ou fase aquática). Entre as planícies de inundação mais conhecidas na amazônia temos aquelas que ficam nas margens do Rio Negro e do rio Amazonas. [3]

As principais planícies de inundação na bacia amazônica são englobam rios com diferentes características e eles são denominados várzea e igapó. As principais planícies de inundação na Amazônia podem ter rios com diferentes características e são chamados de várzeas e igapós. Essa classificação científica elaborada na década de 1950 e aprimorada em outros estudos científicos leva em consideração parâmetros hidrológicos, físicos e químicos da água, do solo e botânicos. [4]

  • Várzeas: São áreas férteis banhadas por rios de água branca ou barrenta, a cor da água é influenciada pela abundância de material presente em suspensão. Esses rios possuem formação geológica recente e transportam altas quantidades de sedimentos que resultam da erosão dos planaltos de altitude da região dos Andes. Suas águas apresentam pH próximo ao neutro, alta condutividade elétrica, e solos ricos em nutrientes como cálcio, magnésio, fósforo e nitrogênio. Os principais representantes deste tipo de água são os rios Solimões/ Amazonas, Madeira e Purus[5][6][7].
  • Igapós: São áreas banhadas pelos rios de águas preta ou claras. A coloração preta ou marrom avermelhada, essa coloração é resultado da decomposição lenta do material vegetal ao longo do tempo como folhas, galhos e os troncos. Essa decomposição lenta gera compostos químicos orgânicos que diluem na água, que passa apresentar a coloração escura. Além disso, os rios de água preta possuem uma formação geológica antiga e lixiviada pelo longo tempo exposto. Esses fatores influenciaram em um rio com água ácidas, solos pobres,baixos valores de pH e de condutividade elétrica. Em contraste, os igapós banhados por rios de águas claras, como os rios Tapajós, Xingu, Araguaia, Guaporé, Branco e Trombetas ,têm suas nascentes no Escudo Brasileiro e no Escudo Gdas uianoas  Esses rios apresentam coloração transparente e esverdeada, com baixas quantidades de sedimentos em suspensão. Além de apresentar uma quantidade relativamente média de nutrientes[8][7][6].

Ainda nos ambientes amazônicos a subida e descida anual do nível das águas é denominada de pulso de inundação. Esse é um fenômeno que acontece anualmente sempre ao redor dos mesmos meses, resultando em um pico de cheias e um pico de secas. Essa regularidade faz com que o pulso de inundação seja importante para os animais e plantas das planícies de inundação/áreas alagáveis, como também para os ribeirinhos que as habitam e tiram seu sustento. O pulso de inundação também é responsável alta diversidade de ambientes, organismos, ritmos de crescimento, ciclos de vida e desenvolvimento das comunidades de plantas e animais.[9][10]

Outros exemplos de planícies de inundação é a várzea do Nilo, cujas regiões ribeirinhas alagam-se, depositando aí o húmus,[1] rico adubo natural que permitia o cultivo com alta fertilidade e a manutenção da civilização egípcia antiga.[11] Após a construção da Represa de Assuã, em 1970, o nível do rio foi regulado, evitando as enchentes no Egito e causando a salinização de muitas áreas a jusante.[11]

Galeria

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Referências
  1. a b c Wolfgang J. Junk (2013). The Central Amazon Floodplain: Ecology of a Pulsing System. [S.l.]: Springer Science & Business Media. 528 páginas. ISBN 9783662034163 
  2. Editores do Aulete (2007). «Verbete: várzea». iDicionário Caldas Aulete. Consultado em 1 de maio de 2013 
  3. Lopes, Aline; Piedade, Maria Teresa fernandez (2013). Conhecendo as áreas úmidas amazônicas: uma viagem pelas várzeas e igapós. Manaus-amazonas: editora INPA. p. 17. ISBN ISBN 978-85-211-0135-2 Verifique |isbn= (ajuda) 
  4. Junk, Wolfgang J.; Piedade, Maria Teresa Fernandez; Schöngart, Jochen; Wittmann, Florian (20 de outubro de 2012). «A classification of major natural habitats of Amazonian white-water river floodplains (várzeas)». Wetlands Ecology and Management (6): 461–475. ISSN 0923-4861. doi:10.1007/s11273-012-9268-0. Consultado em 26 de julho de 2024 
  5. Junk, Wolfgang J.; Piedade, Maria Teresa Fernandez; Wittmann, Florian; Schöngart, Jochen (2020). Várzeas Amazônicas: Desafios para um Manejo Sustentável. [S.l.]: Editora INPA 
  6. a b Junk, Wolfgang J.; Piedade, Maria Teresa Fernandez; Schöngart, Jochen; Wittmann, Florian (20 de outubro de 2012). «A classification of major natural habitats of Amazonian white-water river floodplains (várzeas)». Wetlands Ecology and Management (6): 461–475. ISSN 0923-4861. doi:10.1007/s11273-012-9268-0. Consultado em 26 de julho de 2024 
  7. a b Lopes, Aline; Piedade, Maria Teresa fernandez (2013). Conhecendo as áreas úmidas amazônicas: uma viagem pelas várzeas e igapós. Manaus-amazonas: editora INPA. p. 17. ISBN ISBN 978-85-211-0135-2 Verifique |isbn= (ajuda) 
  8. Wolfgang J. Junk (2013). The Central Amazon Floodplain: Ecology of a Pulsing System. [S.l.]: Springer Science & Business Media. 528 páginas. ISBN 9783662034163 
  9. Junk, Wolfgang J.; Piedade, Maria Teresa Fernandez; Wittmann, Florian; Schöngart, Jochen (2020). Várzeas Amazônicas: Desafios para um Manejo Sustentável. [S.l.]: Editora INPA 
  10. Lopes, Aline; Piedade, Maria Teresa fernandez (2013). Conhecendo as áreas úmidas amazônicas: uma viagem pelas várzeas e igapós. Manaus-amazonas: editora INPA. p. 17. ISBN ISBN 978-85-211-0135-2 Verifique |isbn= (ajuda) 
  11. a b Luiz Edmundo de Magalhães, Aziz Nacib Ab'Sáber (1994). A questão ambiental. [S.l.]: Terragraph Artes e Informática. 345 páginas 
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