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Geração à Rasca: diferenças entre revisões

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Revisão das 18h39min de 16 de outubro de 2011

Manifestação "Geração à Rasca"
Geração à Rasca
Localização Lisboa, Porto e mais 9 cidades
Data 12 de Março de 2011

Geração à rasca é o nome dado a um conjunto de manifestações ocorridas em Portugal e outros países, as maiores manifestações não vinculadas a partidos políticos desde a revolução dos cravos.[1] O nome é um jogo de palavras com a expressão geração rasca usado para descrever a geração que protestou durante os anos 90 do século XX as políticas da então ministra da Educação, Manuela Ferreira Leite. O movimento de protesto, auto-intitulado "apartidário, laico e pacífico", iniciou-se no Facebook e reivindica melhorias nas condições de trabalho, principalmente para jovens qualificados. O manifesto publicado no grupo da rede social incitava à participação numa manifestação em Lisboa no dia 12 de Março de 2011[2] para todos os "desempregados, “quinhentoseuristas” e outros mal remunerados, escravos disfarçados, subcontratados, contratados a prazo, falsos trabalhadores independentes, trabalhadores intermitentes, estagiários, bolseiros, trabalhadores-estudantes, estudantes, mães, pais e filhos de Portugal."[3]


Antecedentes

Manifestante em Lisboa, na Avenida da Liberdade

Em 1994, uma geração portuguesa foi apelidada «Geração rasca» por Vicente Jorge Silva. Aquando de manifestações estudantis contra o aumento das propinas, era Ministra da Educação Manuela Ferreira Leite.

Canção dos Deolinda

O manifesto da iniciativa inspirou-se na canção dos Deolinda de 2011, "Parva que sou", que fala sobre a precariedade laboral que afecta milhares de portugueses, em particular licenciados:

Que mundo tão parvo
Onde para ser escravo é preciso estudar

Os membros da banda não participaram nos protestos, embora se solidarizem com os manifestantes.[4]

Homens da Luta e o Festival da Canção

A vitória dos Homens da Luta com a canção "A Luta é Alegria" no Festival da Canção de 2011, uma canção humorística inspirada nas canções revolucionárias de Zeca Afonso veio trazer ainda mais aderentes às manifestações do dia 12 de Março.[5] [6]

Protesto

Manifestantes no Porto.

O protesto encheu a Avenida da Liberdade em Lisboa. As estimativas para o número de pessoas presentes no protesto em Lisboa variaram entre as 200 000 e as 300 000 pessoas. [7][8] Houve também manifestações no Porto (80 000 pessoas)[9], Funchal[10], Ponta Delgada[11], Viseu[12], num total de 11 cidades portuguesas. Houve também manifestações mais pequenas em Barcelona, Londres, Berlim, Haia, Madrid, Lubliana, Luxemburgo, Bruxelas, Maputo, Nova Iorque, Copenhaga e Estugarda em frente às embaixadas de Portugal.[13] A Polícia de Segurança Pública estima a presença de 100 000 pessoas em Lisboa e 60 000 no Porto, enquanto a organização fala de 200 000 e 80 000, respectivamente.[14]

Reacções

Miguel Sousa Tavares comentou no Jornal da Noite da SIC de 7 de Março de 2011 que o movimento é demagógico, considerando que uma proposta de demitir todos os políticos vinha do mesmo movimento, o que veio a ser desmentido. [15] O bispo do Porto, D. Manuel Clemente disse em declarações à Rádio Renascença não ter ficado surpreendido com a dimensão da manifestação, e que deve ser dada uma resposta por parte dos políticos.[16] Paulo Portas, líder do CDS-PP, afirmou a 11 de Março de 2011 que "os partidos [políticos] devem resistir à tentação de colonizar" a manifestação e que os organizadores "não têm nenhuma obrigação de apresentar soluções". [17] Quando do anúncio da recepção do Prémio Pritzker em 28 de Março de 2011, Eduardo Souto de Moura disse, em conferência de imprensa, que receber esse prémio era bom porque "[…]Não há emprego, está tudo a emigrar. Temos bons arquitectos e a chamada geração à rasca está mesmo à rasca. E não há para onde ir.[…]"[18]

Consequências

Adolfo Mesquita Nunes, do CDS-PP, apresentou uma proposta de um pacote de 20 medidas urgentes para a "Geração à rasca", incluindo que as universidades informem os alunos da empregabilidade dos cursos que leccionam, uma maior flexibilidade do mercado de trabalho e a liberalização do mercado de arrendamento.[19]

O bispo do Porto, Manuel Clemente, em entrevista à Lusa, afirma que estes protestos "são antes de mais, para respeitar muito" e "levar a sério", afirmando que não se pode relativizar o que fizeram jovens "que vêem o seu futuro com uma grande interrogação".[20] A página do evento de protesto no facebook foi desactivada depois do dia 12 de Março, dando lugar a uma página permanente, o "Fórum das Gerações - 12/3 e o futuro", para debater soluções para Portugal.[21]

É criado um movimento no Facebook - "25 de Abril" de 2011 - Revolução Geração dos Recibos Verdes. Para dar seguimento aos protestos do dia doze de março.[carece de fontes?]

Poucos dias após a manifestação da geração à rasca, Paula Gil afirmou que "o Protesto não era o final [...] queríamos que as pessoas percebessem que a democracia não termina no direito ao voto."[22]

A 23 de Março de 2011, José Sócrates apresenta a sua demissão como Primeiro Ministro de Portugal, após um chumbo no Parlamento a medidas de austeridade propostas no âmbito do Pacto de Estabilidade e Crescimento.[23]

A 15 de Abril de 2011, três dos quatros organizadores fundam o Movimento 12 de Março. [24] A esse pequeno grupo de jovens juntaram-se outros elementos da sociedade civil, com o desejo de criar um movimento contra o resgate financeiro do país[25] e por um referendo à dívida soberana.[26]

A 19 de Abril de 2011, o Movimento 12 de Março, os Precários Inflexíveis, o FERVE e os Intermitentes do Espectáculo e do Audio Visual lançaram uma Lei Contra a Precariedade.[27]

Na sequência da marcação de eleições legislativas, o Bloco de Esquerda lançou uma campanha intitulada Retratos da Geração à Rasca[28], estabelecendo uma ligação ao Movimento 12 de Março e por arrasto à juventude.

Em Maio de 2011, manifestações semelhantes ocorreram em Espanha, inspiradas nos protestos em Portugal. Os organizadores do movimento "Democracia Real Já" apontam a Geração à Rasca como uma referência, pois em Espanha falava-se "muito do que estava a acontecer em Portugal e deu-nos vergonha que aqui não tivéssemos feito nada. Em Portugal mostraram que não se deve ter medo, que se deve sair à rua".[29]

Ver também

Referências
  1. «Decenas de miles de portugueses se manifiestan contra la precariedad en la mayor concentración al margen de los partidos · ELPAÍS.com». Consultado em 13 de março de 2011 
  2. Protesto Geração à Rasca alastra no Facebook
  3. Protesto Geração à rasca
  4. «Deolinda, o grupo que dá voz à "geração à rasca", presente "em consciência"». Consultado em 12 de março de 2011  Texto " SIC Online " ignorado (ajuda)
  5. «Homens da Luta aumentam adesões à 'Geração à Rasca' - Sol». Consultado em 12 de março de 2011 
  6. «Deolinda, o grupo que dá voz à "geração à rasca", presente "em consciência"». Consultado em 12 de março de 2011  Texto " SIC Online " ignorado (ajuda)
  7. «Protesto/crise: "Geração à rasca" enche a avenida da Liberdade até ao Rossio - dn - DN». Consultado em 12 de março de 2011 
  8. «Geração à rasca leva 300 mil manifestantes à Avenida da Liberdade- Economia - Jornal de negócios online». Consultado em 12 de março de 2011 
  9. «"Geração à Rasca" no Rossio de Lisboa - Portugal - DN». Consultado em 12 de março de 2011 
  10. «Geração à rasca: protesto chegou ao Funchal > Sociedade > TVI24». Consultado em 12 de março de 2011 
  11. «IOL Diário - Geração à rasca: protesto forte em Ponta Delgada». Consultado em 12 de março de 2011 
  12. «IOL Diário - Geração à Rasca: Viseu protestou no Rossio». Consultado em 12 de março de 2011 
  13. «IOL Diário - «Geração à rasca»: luta também em Barcelona». Consultado em 13 de março de 2011 
  14. «Protesto Geração à Rasca juntou entre 160 e 280 mil pessoas só em Lisboa e Porto - Sociedade - PUBLICO.PT». Consultado em 13 de março de 2011 
  15. «Grupo anti-político 'cola-se' à Geração à Rasca - Sol». Consultado em 12 de março de 2011 
  16. Bispo do Porto diz que é preciso atender à “Geração à Rasca”, Rádio Renascença, 13 de Março de 2011. Página acedida em 15 de Março de 2011.
  17. Portas defende legitimidade da «Geração à Rasca» TVI 24, 11 de Março de 2011. Página acedida em 15 de Março de 2011.
  18. «Souto de Moura: "Nunca pensei receber o prémio Pritzker" - Cultura - PUBLICO.PT». Consultado em 30 de março de 2011 
  19. CDS quer alunos informados de taxa de empregabilidade, TVI 24, 15 de Março de 2011. Página acedida em 15 de Março de 2011.
  20. «É preciso "levar a sério" os protestos sociais, diz bispo do Porto - Sociedade - PUBLICO.PT». Consultado em 23 de março de 2011 
  21. ‘Geração à rasca’ deu lugar a ‘Forum das Gerações’, Económico, 13 de Março de 2011. Página acedida em 15 de Março de 2011.
  22. http://www.esquerda.net/artigo/%E2%80%9Cmanifesta%C3%A7%C3%A3o-da-gera%C3%A7%C3%A3o-%C3%A0-rasca-foi-um-in%C3%ADcio%E2%80%9D
  23. «Ao minuto: Sócrates pediu demissão e diz que vai a eleições - Política - PUBLICO.PT». Consultado em 25 de março de 2011 
  24. http://geracaoenrascada.wordpress.com/2011/04/15/m12m/
  25. http://www.dn.pt/especiais/interior.aspx?content_id=1834456&especial=Portugal%20pede%20ajuda%20externa&seccao=ECONOMIA
  26. http://blocodeesquerdaindependente.blogspot.com/2011/04/movimento-12-de-marco-quer-referendo.html
  27. http://www.precariosinflexiveis.org/2011/04/lei-contra-precariedade-foi-lancada.html
  28. http://jpn.icicom.up.pt/2011/06/03/bloco_de_esquerda_e_as_rubricas_tematicas.html
  29. «"Geração à rasca" é referência para Espanha - JN». Consultado em 22 de maio de 2011 

Ligações externas

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